Cartas a um girino

As manifestações desde a divulgação da notícia são as mais diversas. Bruna teve a melhor delas até agora, seguida da Mel que deu um grito e pulou para trás e da Juju, que soube no dia do seu casamento e chorava dizendo que eram muitas emoções para um só dia. Bruna quase que teve que ser levada para o hospital de tanto que chorava. Queria pegar o carro e vir me ver, mas achei que ela não estava apta para dirigir naquelas condições. Fomos então almoçar com pai, Ju, tia Ana e tia Zélia. Bruna chegou com a cara inchada e não parava de tirar fotos, segundo ela para o "Álbum do bebê". Algum tempo depois, publicou o texto abaixo:

Cartas a um girino [vol. I]por Bruna Demaison - Segunda-Feira, 19 de Abril de 2010, às 11:27

Querido girino,(foram seus pais quem primeiro se referiram a você assim, eu só gostei)
Eu amo você! Não é uma frase muito adotada em apresentações, mas já somos íntimos apesar de nunca termos nos visto, e isso é mesmo o mais importante que eu sempre terei a dizer. Não se esqueça disso, principalmente porque nem sempre você vai levar essa vida mansa com espaço de sobra no saco gestacional (mas nem tudo piora, seus próximos lares terão nomes mais bonitos). Como você ainda é mesmo do tamanho de um girino não preciso me preocupar em como vai reagir a essa declaração hiperbólica, as crianças tem o delicioso dom de abrir um enorme sorriso se gostarem ou o maior berreiro no caso oposto. Tentarão mudar isso em você, resista. Dirão que você é voluntarioso e hipersensível, escreva. Somos adestrados conforme vivemos para sorrir com mais precaução, gritar menos por educação, bobagem.
Sugeri que você se chame Doris Lane! Sua mãe ainda não tem opções de nomes, nem sabe se você é homem ou mulher; eu tive essa idéia. Doris é a protagonista de uma brincadeira nossa de criança, Lane ajuda a dar um ar glamouroso, remete aos Beatles (e assim você será obrigado a conhecê-los), há quem defenda até que nome composto ajuda na educação – é mais forte na hora de dar bronca: “Doris Lane, eu não vou falar de novo!” Acho que minha idéia não vai vingar porque sua mãe não gostou muito. Acostume-se, durante muito tempo tudo dependerá dela querer ou não, você terá tanta autonomia quanto agora que não pode fazer nada aí dentro a não ser crescer. A propósito, torça pra que ela seja normal e não impeça que você continue a fazer isso aqui fora. Prometo sinalizar.
Uma tática muito usada quando você discordar da vontade de sua mãe é recorrer secretamente ao seu pai, e o mesmo procedimento se mudar a fonte do não. Essa estratégia não é vista com muitos bons olhos por eles, mas normalmente funciona porque a comunicação entre os setores Mãe e Pai tende a falhar por causas variadas, é uma brecha no sistema. Meu Deus! Como eu já estou te ensinando a fazer coisas erradas? Elas são importantes, mas às vezes eu não poderei incentivá-lo nesse caminho. Por via das duvidas, conte comigo em todos os casos e na hora eu saberei como agir. Ou agirei da forma que me parecer mais correta, sempre buscando o seu bem. Perdoe se der errado. Você tem que entender, há pouco tempo usávamos cintos de placas enormes e calças que quase abotoavam nas nossas cabeças, foi tudo muito rápido. Um pouco rápido. Outro dia o Jon Secada veio fazer um show no Brasil e me espantei por ele ainda estar vivo! Sejamos francos, o tempo passou mesmo. E quando reparamos o Jon Secada ainda está fazenda a mesma coisa enquanto alguns de nós evoluiu e está fazendo outras coisas. Você, por exemplo.
A notícia da sua existência me levou à beira de um ataque histérico, entre tantas outras reflexões me vi calculando onde encaixar um carrinho de bebê entre as mesas apertadas do Jobi! E sua evolução - confesso, girino - me deixa um pouco envergonhada. Em dias você desenvolve olhos e orelhas enquanto eu, no máximo, aumentei a carga no leg press, nem minhas teorias absurdas se desenvolvem na sua velocidade! De certa forma, ainda bem, imagina como estaríamos se eu seguisse seu ritmo.
Continua comendo os alimentos da sua mãe aí, na próxima filmagem já quero ver dedinhos, hein? Nessa despedida não cabe dizer “se cuida”, então digo “cuidaremos de você”. Sempre.