Sabe quando você muda sem se dar conta ? E quando você mal se reconhece em alguma situações ? Sempre disseram que a maternidade trazia mudanças drásticas e eu sempre fiquei esperando por elas. Não senti uma mudança enorme ao ficar grávida. Nem fiquei mais emotiva, pelo contrário, ficava era muito irritada. Não senti uma coisa de louco quando o B. nasceu. Fui sentindo mudanças aos poucos e agora olho pra trás e acho que fechei o primeiro ciclo dessas mudanças. Muito aprendizado, não só com os bebês, mas com o mundo em geral. Muita valorização de coisa errada que ficou pra trás. Muitos medos. Medo de decidir coisas já era um drama, agora então.....
A maternidade me trouxe uma coisa que não faz muito sentido, mas que conversando com outras ães, vi que é bem comum. Ela traz a solidão. Solidão mesmo, daquelas bem silenciosas, sabe ? É você quem vive aquilo intensamente e mesmo que tente, não dá pra dividir com ninguém. É você quem sabe. É você que decide, é você que escolhe, é você que planeja, é você que sente, é você que se culpa. É estranho demais isso. Você participa de grupos, conversa, conversa, conversa, lê, liga por pediatra pra ter a opinião dele, mas na hora H, tá lá, sozinha. Bem estranho.
O amor avassalador é outra coisa assustadora. Nunca fui de grandes paixões, nem de demonstrações imensas de carinho. Meu modo de amar sempre foi mais contido. Mas com um neném em casa, não adianta, a gente fica boba. Comigo não foi uma coisa que surgiu no dia que descobri a gravidez. Foi uma coisa conquistada. A gente foi se conhecendo e o amor crescendo. Até hoje me pego em pé, ao lado do berço, com os olhos cheios d´água, vendo meu filhote dormir.
A maior mudança, sem dúvida, foi saber deixar entrar os novos sentimentos e tentar encaixar tudo isso lá dentro. Tem espaço, mas como em tudo na vida, precisa ser organizado. Jogar fora o que tá sem uso, cuidar bem do que já tá mais gasto e achar espaço pro que é novo. Esse foi - e é - o meu maior desafio pós Bernardo.
Há 10 anos